Você começou com pequenos gestos.

Gestos como curtas conversas no trabalho - onde acho que você me encontrou -, contando sobre seu dia e me falando como queria me conhecer melhor, e como admirava meu bom serviço.

Como se você já não soubesse o suficiente sobre mim há muito tempo.

Você começou a esbarrar "acidentalmente" em mim na rua, rindo pela coincidência de me encontrar ali e me convidando para tomar um café - o qual sempre recusei.

Como se você não tivesse decorado minha rotina de baixo para cima, apenas esperando o momento certo para dar as caras com seu nojento sorriso amarelo.

A partir do momento que nos encontramos pela primeira vez no trabalho - pelo menos do meu ponto de visão - vi como seu olhar passeava pelo meu corpo deliberadamente, como você reagia quando eu estava perto, e como você sabia coisas sobre mim que não o tinha contado, que não queria que soubesse. 

Desde o momento que você disse meu nome pela primeira vez - antes começar a aplicá-lo em todas as suas frases dirigidas a mim, como se isso te desse satisfação - eu senti repulsa ao escutá-lo saindo de sua boca. Mas não mais repulsa do que sinto de você.

Você descobriu meu número de celular. Meu número de casa. Meu endereço.

Não satisfeito em me mandar mensagens todos os dias - sendo que eu havia deixado claro que não queria que tivesse meu número e queria que o excluísse -, você também me mandava cartas com "declarações de amor" e presentes frequentemente, os quais sempre tinham o mesmo destino: a churrasqueira. E você sabia disso.

Você começou a me perseguir e assediar descaradamente.

Eu disse para ficar longe de mim. Disse para deletar meu número da sua agenda. Disse para parar de me mandar coisas. Que não queria nada de você, nem com você. Perdi a conta de quantas vezes disse isso. Mas parecia que você ficava surdo nesses momentos. Estranho, né?

Nesses momentos, eu tinha vontade de te bater com toda a minha força de raiva, mas a minha noção do quanto você era maior e mais forte do que eu me impediam.

Você mexia no meu lixo, para, segundo o que você disse, "Me conhecer melhor".

Você guardava embalagens usadas por mim na sua casa, eu o via fazendo isso. Sabia os perfumes que eu usava, e as coisas que eu comprava. Sabia até o meu ciclo menstrual. Tenho medo do que você fazia com meus absorventes, sinceramente. Você era assustador. Um porco.

Se bem que, os porcos não merecem ser comparados a você.

A cada toque seu - sendo discreto ou não - era como ácido na minha pele.

Eu sentia um calafrio, me afastava e repetia as mesmas e constantes palavras "Me deixe em paz. Fique longe de mim".

Você não ligava.

Você tirou de mim tudo o que eu tinha de mais valioso: minha dignidade. E eu não podia fazer nada, pois a polícia disse que eu precisava de provas, e eu não tinha nenhuma que você não pudesse virar facilmente contra mim. Você estava cada dia pior. Eu não podia correr mais nenhum risco.

Foi por isso que fiz o que fiz.

A culpa é toda sua.

Se tivesse me deixado em paz da primeira vez que pedi, nada disso teria acontecido.

Se bem que eu também poderia ter sido mais discreta.

Podia não ter arrancado unha por unha e depois dedo por dedo seu, para que você não me tocasse mais sem a autorização que nunca te daria. Poderia não ter costurado sua boca para que não falasse mais o meu nome, e seus olhos, para que não olhasse mais de maneira desejosa para mim. Poderia não ter arrancado seus órgãos um por um, como nas fotos das revistas que você mandava para a minha casa. Poderia tê-lo castrado, o impedindo de fazer o que queria comigo e com qualquer pessoa para sempre.

Tudo enquanto respirava.

Deveria ter acabado com o seu corpo, ou eliminado as provas contra mim. Isso me salvaria da cadeia. Enfim, não é a situação. Não tentei negar nada do que fiz com você aos policiais, não me arrependo de nada.

Você não ganhou cada hora, minuto e segundo de tortura.

Você mereceu.

Essa é uma história dos Fãs, escrito por: Uma Nerd Aleatória
Inspirado no Livro: "Eu Sei Onde Você Está"
Disponível em: Ler Pode Ser Assustador e Não Entre Aqui

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